sexta-feira, 16 de agosto de 2013

♥ Crônica: Cidades-Fantasmas ♥

Cidades-Fantasmas

Inabitada e agitada. É possível descrever qualquer grande cidade com essas palavras, atualmente. O mundo gira de forma apressada, e as pessoas seguem o ritmo. Passos apressados, pessoas gritando ao telefone, o som insuportável de buzinas em um trânsito engarrafado. Trabalhando de sol a sol, enquanto os filhos passam as tardes em creches ou com babás, isto é, quando se dão ao luxo de tal coisa. E o mais impressionante é que ninguém parece se comover ou se chocar com tal rotina. Os filhos estão acostumados a viver sem a presença dos pais, os pais estão acostumados a esquecer um ao outro, os adolescentes ou apenas estudam ou apenas vivem na farra, e os solteiros não querem saber de amor. 

Vivemos em um mundo em que se oferecer para ajudar uma velinha a carregar as comprar levanta suspeita de assalto, em que quem brinca na rua corre risco de sequestro, em que qualquer palavra educada recebe uma resposta curta e grossa (isto é, quando é dita uma “palavrinha mágica” sequer).

Há séculos o homem procura cada vez mais como substituir o trabalho humano por uma máquina. Não é atoa que os conservadores do século XVIII/XIX ficaram tão chocados que temiam o dia em que a máquina controlaria o homem por inteiro. Talvez a época com o maior êxodo rural. Famílias saíam da tranquilidade do campo para as cidades para sobreviver. Costumo dizer que a Revolução Industrial foi o começo e fim de tudo. Marcando uma nova era, daquele tempo em diante, a sociedade nunca mais seria a mesma. E realmente...nunca mais foi a mesma.

Já no século XX nada causava mais curiosidade e entretenimento do que imaginar um futuro perfeito. Me lembro muito bem dos meus pais contando como a geração deles pensava sobre o futuro: Vivendo como os Jetsons.

Pergunte agora a qualquer um, em pleno século XXI, o que pensa sobre o futuro. Caos? Guerra? Ódio? Destruição? Poluição? Teria assim se acabado a fé e a esperança no mundo?

Os carros correm, as pessoas correm, e o tempo...O tempo voa. Mas nunca voará rápido demais a ponto de impedir um sorriso, um abraço, um simples “olá”, “como vai?”, “com licença”, “por favor” e “obrigado”. Porém, todos parecem agir como se nem tempo para isso houvesse.

Sendo assim, apenas vejo máquinas. Seres sem emoções, feitos para trabalhar, apurar, e correr. São cidades gigantescas, cheias de movimento...Cheias de tudo...Menos de gente. Cidades vazias, com pessoas vazias. Simplesmente cidades-fantasmas.

(Beatriz C. Pereira)

Nenhum comentário:

Postar um comentário